quarta-feira, 11 de agosto de 2010

Ana e Sofia - Lúcia Cerrone

O autor e diretor Ribamar Ribeiro, trouxe ao palco do Festival Niterói de Esquetes 2010, o melhor do folhetim com o espetáculo Ana e Sofia.

Escrito a partir das lembranças dos componentes do CTI – Comunidade Teatral do Irajá, a história se apresenta no ritmo bem marcado dos melodramas, sem o exagero que tão bem caracteriza o gênero.

O melodrama tradicional tem encenação diferente de tudo que já se viu. As peças eram guardadas num cofre, onde o ator só recebia a sua parte,para que o texto não fosse divulgado.

O circo pavilhão, grande divulgador do gênero, vivia de teatro e tinha um público imenso. Ele era para esse público o que é hoje a novela. Era o teatro popular que acabou perdendo suas casas de espetáculo e seu espaço na mídia. O pavilhão se instalava na cidade por dois meses e mudava o repertório toda a semana. E como diz a atriz e especialista em teatro pavilhão, Vic Militello: “Tinha que ser bem feito porque a falta de público significava para o ator a falta do que comer.”

Ana e Sofia, não tem em seu texto o drama barato ou a caricatura do drama, mas um tom de antigos programas radiofônicos onde o ouvinte enviava a sua historia e o cast da casa “dramatizava”. Atemporal e contemporâneo é o drama do dia a dia que às vezes sai no jornal.

Para enredo tão bem delineado o diretor Ribamar ribeiro cria um espetáculo de preciosos detalhes.

São cenas bem marcadas no tempo do ator. Sem pressa, ou pirotecnia a encenação acontece em planos distintos. A repetição proposital do texto só reforça a dramaticidade da ação.

Os atores Camila Zampier, Talita Bildeman e Almir Rodrigues, precisos na composição dos personagens ressaltam a simplicidade da trama em performance delicada.

Os adereços de cena, muito bem utilizados, tem destaque no imenso pano vermelho que reforça o drama num exagero calculado.

Ana e Sofia é um exercício para atores que não deixa o público fora do jogo. É o teatro com técnica sem medo de ser teatral.

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